Obstáculos nos Passeios e Limitações da Bengala
Certos obstáculos são verdadeiramente perigosos, mas, em geral, fazem parte da rotina diária dos peões com deficiência visual, sendo que desenvolvem habilidades para contorná-los. Alguns desses obstáculos funcionam como referências úteis, ajudando a pessoa a se orientar. No entanto, é inegável que existem locais perigosos, como andaimes, buracos no passeio indicados apenas por fitas vermelhas e brancas, e prédios com varandas no primeiro andar. Além disso, há obstáculos que poderiam ser facilmente evitados, como não estacionar em calçadas e recolher os dejetos dos cães de estimação.
A bengala é capaz de detetar obstáculos no chão e um pouco acima. Ao caminhar pela rua com uma bengala, há o risco de colidir com objetos elevados, como toldos, ramos de árvores, sinais de trânsito, cordas de roupa, etc. É responsabilidade das câmaras municipais e outras entidades garantir a ausência de objetos ao nível da cabeça, evitando colisões para pessoas com deficiência visual e peões distraídos. Importante ressaltar que um obstáculo pode servir como ponto de referência; portanto, não é incomum ver uma pessoa com bengala procurar por um poste ou semáforo, pois esses pontos podem auxiliar na localização de uma passadeira ou paragem de autocarro.
Pisos Táteis
Pisos táteis são aplicações em relevo no pavimento projetadas para orientar e proporcionar segurança a pessoas cegas ou com baixa visão. Em espaços amplos, como estações de comboio ou extensas áreas públicas, a navegação pode ser desafiadora para uma pessoa com deficiência visual. A falta de pontos de referência e o elevado ruído ambiente contribuem para a desorientação e aumentam a ansiedade.
Esse sistema de orientação consiste em linhas em relevo posicionadas na direção do movimento, indicando o caminho seguro até o destino. O piso tátil gera uma sensação nos pés, o que é suficiente para informar a pessoa de que está no caminho correto e seguro. O uso da bengala reforça essa indicação por meio do toque e produz som quando em contato com a superfície.
As linhas direcionais podem ser aplicadas individualmente ou em placas, sendo ideal que apresentem uma cor contrastante com o pavimento existente para facilitar a identificação. Essa abordagem visa proporcionar uma experiência mais segura e inclusiva para aqueles com deficiência visual em ambientes urbanos.
Semáforos
O semáforo sonoro é um dispositivo instalado em cruzamentos para ajudar na travessia de pessoas com deficiência visual e dificuldades de locomoção. Ao pressionar um botão por cerca de três segundos, o peão ativa sinais sonoros que indicam a abertura e o fecho do semáforo. O tempo de travessia pode ser prolongado com um cartão específico.
No Brasil, a regulamentação é definida pelo Contran, e o Ministério dos Transportes propôs atualizações para inclusão no Manual Brasileiro de Sinalização de Trânsito. A instalação depende de critérios técnicos e é destinada a beneficiar deficientes visuais e pessoas com dificuldades de locomoção. Outras tecnologias, como câmaras nos semáforos, também estão a ser implementadas para melhorar a mobilidade urbana. Relativamente a Portugal, é necessário um aprimoramento no que diz respeito à mobilidade acessível, começando pela implementação de mais semáforos sonoros e horários de autocarros em braille, especialmente nas áreas metropolitanas.
Escadas Rolantes
As pessoas com deficiência visual muitas vezes optam por usar escadas rolantes, pois estas são mais fáceis de perceber em termos de início e fim, além de terem corrimãos de ambos lados. Infelizmente, o mesmo não se aplica às escadas convencionais, onde pode ser desafiador avaliar as dimensões dos degraus, encontrar o corrimão ou até mesmo perceber a existência da escada. Portanto, se vir uma pessoa com deficiência visual que se aproxima de uma escada rolante, é importante não assumir automaticamente a necessidade de assistência física, como agarrar seu braço, ou de alertas verbais como “cuidado!”. Respeitar a autonomia e independência das pessoas com deficiência visual é fundamental.
Braille na Sinalética:
Ao desenvolver estas recomendações de boas práticas, assume-se que o principal objetivo da sinalização é comunicar informações sobre um determinado espaço a quem o utiliza. Ao projetar um sistema de sinalização, é crucial lembrar que o individuo não está familiarizado com o ambiente onde a sinalização está instalada, nem sabe exatamente onde os sinais estão localizados.
Propõe-se, portanto, uma abordagem abrangente para a sinalização, visando torná-la acessível a todos. Os espaços públicos devem dispor de sinais com informações visuais e táteis, além de sistemas de informação sonora. No que diz respeito à informação tátil, as recomendações podem ser um pouco mais rígidas, devido às dimensões fixas do Braille e aos tamanhos específicos para letras em alto-relevo. No entanto, em relação às letras convencionais, procuramos que estas garantam legibilidade, ao mesmo tempo oferecer espaço para a expressão criativa.
Um designer que siga as estas recomendações e boas práticas será capaz de criar um sistema de sinalização legível e compreensível, facilitando a navegação dos usuários em espaços públicos. Isso, por sua vez, contribuirá para tornar o ambiente mais acessível e o serviço mais inclusivo.
Avaliação da Acessibilidade pela ACAPO:
Certamente, a ACAPO (Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal) dispõe de profissionais especializados capazes de avaliar a acessibilidade de locais, informações escritas, websites e sistemas de informática. Além disso, oferece um treino especializado para aprimorar o atendimento a clientes ou usuários com deficiência visual. Para obter mais detalhes, pode optar por contactar a associação.