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A Voz da Professora Sónia Martins

O meu nome é Sónia Martins, eu estudei Educação Especial e Reabilitação na Faculdade de Motricidade Humana. Depois estudei Neuropsicologia numa pós-graduação e trabalhei durante muitos anos no Centro de Desenvolvimento Infantil, neste caso o Diferenças, como técnica, e fazia um trabalho muito direto com famílias, com crianças e jovens, e alguns adultos, com todo o tipo de perturbações do desenvolvimento. 

Depois desde 2018 que integrei aqui a equipa da CAISL no Learning Support, e tenho desempenhado as funções neste caso de apoio aos alunos com algumas necessidades especiais, mais relacionado com questões de aprendizagem, ou, no caso de Emily e outra aluna que também temos, com situações de baixa visão. 

Nós não só estamos sob a alçada da lei nº54/2018, mas também cumprimos a estrutura, a nível do ensino especial, digamos assim, do sistema americano. 

No caso da Emily, o que acontece é: existe um plano educativo, que tem um conjunto de acomodações. O plano educativo faz referência ao diagnóstico da Emily, tenta dar a conhecer aos professores também um pouco o tipo de visão que ela tem e depois as acomodações que todas os professores deverão implementar para que haja um maior apoio no seu processo educativo e no seu trajeto educativo.   

Fico muito satisfeita que no caso da Emily tenha sido uma trajetória positiva e que os pais sintam que, sim, lutaram, mas que foram apoiados neste processo.   

Uma coisa que eu acho sempre muito interessante, e que eu acho que é do meu ponto de vista caminhar para, é os alunos cada vez mais perceberem como é que eles aprendem a nível individual. E isto aplica-se a qualquer criança, a qualquer indivíduo. E é uma situação que eu tenho tentado ajudar os alunos a perceber, que é: eu como aluno, com todo o meu desenvolvimento emocional, todo o meu desenvolvimento social, o meu nível de atenção, a minha motivação, como eu aprendo? E o que é que eu preciso de melhorar para chegar àquilo que, ao que é exigido a nível educativo? Como é que eu me posso relacionar melhor comigo como aluno, como é que eu posso evoluir como aluno? Para mim, eu acho que o futuro da educação tem muito a ver com ouvir todas as perspetivas. Ouvir todas as perspetivas, porque realmente o nosso trabalho tem que ser integrado. 

Em relação às minhas funções… eu acho que é um work in progress, porque no nosso caso, por exemplo, eu tenho aulas especificas com grupos de alunos que tenho dos diferentes anos mas o meu trabalho também está muito diretamente relacionado com os professores e em sala de aula. Portanto, eu também estou sempre, ou quase sempre, ou o máximo tempo possível em sala de aula. Muitas vezes é, e torna-se muito mais interessante quando conseguimos fazer um trabalho conjunto, co-teaching, mais do que só estar em apoio, portanto pensar em conjunto. 

O que é que acontece: muitas vezes implica muitas reuniões com professores, implica nós sabermos gerir o espaço que existe, e respeitar muito o espaço que os colegas têm, como é que posso intervir, quando é que posso intervir, e isto precisa de estar muito bem articulado. Acho que é um trabalho que se vai construindo, digamos assim. Porque é apresentado que vamos estar na sala de aula, que vamos estar a apoiar os alunos, que vamos estar a apoiar o professor, e depois tem que se desenvolver esse trabalho. Como é que isso depois acontece é que é o sumo do nosso trabalho. É muito relacional, tem muitos objetivos e a gestão não só da situação na sala de aula, mas também como é que podemos colaborar e cooperar como colegas.   

Neste caso estamos a falar de uma escola privada, portanto a experiência que eu tenho do ensino público e quando apoiava não só as famílias mas também os professores no ensino publico… 

Porque eu não sou professora e depois tinha uma especialização, a nível da minha carreira digamos assim, pronto, eu senti um grande privilégio em puder trabalhar em muitas escolas, conhecer muitas famílias. Acho que realmente nós não podermos, como superior de educação especial e reabilitação, estarmos integrados em equipas escolares… ou não sermos reconhecidos pelo Ministério da Educação é uma grande falha, toda a gente assume. 

Duma forma geral, tenho um grande orgulho em Portugal, porque nós somos um dos países de Europa que tem uma trajetória de inclusão mais efetiva, concreta e mesmo ao nível legal, o nosso país estruturou-se para poder, com falhas obviamente e pode ser sempre melhorado, mas acompanhar e garantir que as crianças com necessidades educativas especiais sejam incluídas nas escolas publicas. Houve um grande decréscimo dos colégios privados que tinham só crianças com necessidades educativas especiais. Mesmo a nível dos apoios, foram muitos importantes durante muitos anos, alicerces de todas as estruturas, até os pais criaram para apoiar alunos com necessidade especiais em Portugal, foram muito importantes para que estas crianças tivessem… fossem olhadas com uma perspetiva mais positiva, mas eu acho que o modelo de integração é sempre o mais… sem dúvida alguma, o que faz mais sentido.

A experiência da integração é sempre positiva de uma forma geral para todos, porque a escola serve também…o princípio máximo e a utilidade máxima,  o fundamento máximo da escola é criar cidadãos. E os cidadãos devem estar juntos, as crianças devem estar próximas das outras crianças porque a escola não só tem a ver com aprendizagem e desenvolvimento cognitivo, mas todo o outro conjunto de aprendizagens: todos beneficiam. Acho que beneficia todas as crianças e todos os alunos de todas as escolas, o contacto com a diversidade, com a realidade, que é a realidade do ser humano.

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