Uma jovem branca, com cabelo castanho, óculos e uma camisola verde escuro, sentada no sofá de uma sala de estar.
Estudo na CAISL há onze anos, diria. Gosto da minha escola. Do sistema de ensino e das pessoas. São muito acolhedoras e diria muito recetivas, e, agradáveis.
Para cada aula, temos que usar papéis de tamanho A3, para aumentar a letra e basicamente ter tudo maior na página. E depois uso três tipos de óculos. Uso estes óculos para coisas normais, para ler talvez um livro ou fazer um teste. E depois tenho estes outros óculos filtrados que são para o computador, quando olho para o computador porque a luz é muito estranha para os meus olhos. E claro, estes, quando estou no exterior, também são filtrados e têm a minha graduação.
Para as aulas de matemática, especificamente, as calculadoras são realmente difíceis de usar, as calculadoras normais, então temos um programa que nos fornece uma calculadora online – o departamento de informática da escola disponibiliza muitos programas também para ampliação e leitura no computador. E depois tenho também uma câmara que coloco no meu portátil se quiser ver o que está no quadro, ajuda-me a fazer zoom ao que está no quadro.
Começo a sentar-me onde quero. Antes acontecia ter de me sentar à frente, mas comunicámos, eu e a minha amiga, comunicámos que não nos faz realmente diferença nenhuma sentar à frente ou não, porque não conseguimos ver o quadro.
Diria que ajuda, porque, é bom saber que não estamos sozinhas, estamos mais confortáveis em falar sobre os nossos problemas sabendo que outra pessoa sente o mesmo.
Os professores às vezes esquecem-se de que nós não vemos, ou esquecem-se de partilhar o Powerpoint ou o vídeo, ou esquecem-se completamente de imprimir cópias maiores de papel, o que é completamente compreensível. E às vezes temos medo de, sabem, interromper a aula para perguntar. Por isso, a Ms. Sónia ajuda-nos a quebrar essa barreira comunicacional, e ajuda, por exemplo, a dizer aos professores coisas que temos medo de dizer.
Normalmente reunimo-nos com ela uma ou duas vezes por mês para discutir coisas que precisam de melhorar, ou coisas em que precisamos de mais ajuda ou… sempre que encontro um problema, posso contactá-la por mensagem e ela faz o que pode para o resolver.
É muito, muito doce. Está sempre super disponível para ajudar com qualquer problema, encoraja-nos, tipo, a comunicar ao máximo, e é perfeita.
Quando há dois [alunos com necessidades], os professores são, sabem, mais envolvidos, estão mais cientes porque sabem que têm que responder às necessidades não só de uma, mas duas pessoas que precisam praticamente do mesmo.
Claro, sendo adolescentes, estudantes, queremos ser o mais normais possível. Não diria para passar despercebidas, mas sabem, não sermos tidas como anormais de alguma forma. E este equipamento todo, suponho, faz-nos sobressair mais ou menos, ser diferentes, o que pode ser um problema. Ou os óculos que temos de usar. Mas acho que no que toca à educação, tudo que importa é que dê para aprender, por isso acho que funciona, assim é possível aprender como todos os outros.
Para mim, andar numa escola privada que realmente se preocupa com estas coisas, só espero que outras escolas possam implementar estas mudanças e ferramentas nas vidas dos seus estudantes, e sabem, ajudá-los na melhor maneira que conseguem, ajudá-los a comunicar os seus problemas, porque sei que muitas pessoas têm medo de os levantar. E simplesmente, tentar ser o mais inclusivo possível, oferecer tanta ajuda quanto for preciso.
Não tenham medo de dizer que precisam de ajuda com algo. Os vossos professores estão lá para vos ensinar e ajudar. Vocês estão na escola para aprender. Não pensem que precisam de ter mais dificuldades para se sentirem normais. Devem enfrentar tantas dificuldades como qualquer outro aluno, não mais, para no fundo aprender como o resto.