Um homem branco, com cabelo castanho-claro, óculos e camisa azul bebé, sentado numa cadeira de auditório.
Fiz o meu percurso normal de ensino, os 3 ciclos, depois paralelamente já estava a estudar piano no conservatório.
Eu iniciei os meus estudos no centro infantil Helen Keller, portanto que é uma escola devidamente preparada para a deficiência visual. Onde acho que foi importante eu ter feito lá a primária porque foi aí que eu aprendi o Braille. Podia ter continuado lá até ao 12º ano e fui eu que no 5º ano disse aos meus pais: “eu quero sair, eu quero ir para o ensino público”. Portanto foi muito curioso porque imaginem o que é eu dizer isto aos meus pais.
Pior ainda os professores do Helen Keller a dizer aos meus pais: “cuidado, vocês, é um erro o que vão fazer.”. Em boa hora que os meus pais – é um miúdo de 10 anos, 5º ano – deram-me ouvidos e até hoje foi o melhor que eu fiz. Sem dúvida que foi muito bom eu ter saído daquela proteção tão grande. Mesmo a nível de conteúdos acho que não foi tão bem dado por aquilo que eu falava com outros colegas que lá estavam. E, portanto, acho que foi muito importante eu ter saltado para o ensino público.
Claro que não foi tudo um mar de rosas, claro que muitas vezes era suposto ter uma professora de ensino especial por parte do Ministério da educação a dar apoio, eram mais as vezes que não tinha do que as que vinha, mas eu dava a volta. Eu próprio ajudava os professores e dizia: “olhe professor, eu estou preparado para fazer o teste hoje, se quiser faça-me o texto oral. Era escrito, não está a professora do ensino especial, sem problema, fazemos o exame oral.”
Claro que há obstáculos, mas temos de ter força, para os superarmos, temos que ter pessoas amigas e família que também estão dispostos para nos ajudar.
É assim, primeiro que tudo, tem a ver um bocadinho coma maneira de ser de cada pessoa. Pronto, e eu sou bastante otimista e gosto de luta. De luta, gosto no sentido de desafios, e, portanto, como gosto sempre de tentar superar os obstáculos. E isso é meio caminho andado para conseguirmos superar os obstáculos. Não ficarmos parados à espera que o obstáculo saia do sítio. Portanto, isso sem dúvida que a mim me ajuda muito e é meio caminho andado. Por nós próprios e pela nossa força conseguimos superar os obstáculos.