Um casal branco sentado no sofá da mesma sala de estar.
A mulher, LISA, tem os cabelos castanho-claro e veste um casaco preto sobre uma camisola azul. O homem, GUIDO, tem cabelos brancos e veste um casaco cinzento sobre uma T-shirt branca.
LISA: No início, não havia apoio na CAISL. Nós, mães, tivemos que nos juntar e insistir. Como em muitas escolas privadas aqui em Portugal, não há apoio. Mas está a melhorar porque os pais se juntam e insistem, é por isso. Porque no final, dez a quinze porcento da turma tem necessidades especiais, e é contra os direitos humanos excluir pessoas que têm uma pequena deficiência. Não é humano.
Estamos a falar do período em que cheguei, até sete anos atrás… era difícil para os professores, claro, terem crianças na sala, como as crianças com TDAH, ou as crianças em cadeiras de rodas na sala, porque não havia apoio extra. E assim, essas pobres crianças e pais acabavam por ser pedidos para sair a determinado momento. E o meu coração afundava sempre que ouvia isso, não podia acreditar, aquele ou aquela, teve que sair porque a escola não os queria na sala.
Ainda tenho na minha cabeça os rostos daqueles pais que tiveram de voltar para a América. Dá-me vontade de chorar porque não encontraram em Portugal e na CAISL, sabem, uma escola inclusiva.
Tem sido uma batalha, porque muitos pais tiveram que realmente levantar a voz, na CAISL ou no St. Julian’s, ou em qualquer escola pública, penso eu. Porque antes, as crianças com deficiências eram excluídas.
Mas, tudo se resume aos pais realmente se importarem e pressionarem a administração para fazer apenas algumas mudanças, que não são assim tão grandes, para que estas crianças tenham uma educação normal. Foi isso que fizemos na CAISL. Éramos cerca de oito a dez pais. E encontrávamo-nos uma vez a cada duas semanas e discutíamos como ajudar a escola a dar aos nossos filhos uma educação melhor.
A CAISL fez o melhor trabalho nos últimos anos em comparação com outras escolas ao ajudar essas crianças, como as crianças disléxicas, qualquer criança com necessidades especiais, a ter uma boa educação sem demasiadas dificuldades.
Eles tinham um professor, dois professores. Portanto, eram dois, acho. Dois ou três, a ajudar todas as crianças com necessidades especiais.
É muito triste saber que não tem sido muito. Sabem, são cerca de seis anos, sim. E está a acontecer, ainda está a acontecer.
Mas, com o professor de apoio, a situação muda, porque o professor [principal] não está focado na criança com a deficiência, e assim há muito mais conhecimento também. Os professores também são treinados em como lidar com deficiências. Porque em cada turma, tens disléxicos, tens TDAH, tens crianças com outros problemas comportamentais. E à medida que o tempo passa, com a ajuda dos pais, as escolas estão mais abertas a tornarem-se comunidades inclusivas.
Desenvolver um departamento de necessidades especiais na escola é essencial para qualquer escola. Além disso, ter um aconselhamento, por exemplo, um gabinete onde qualquer criança ou adolescente possa ir caso tenha qualquer problema, é importante. Penso que as escolas têm que desenvolver a área de cuidar das crianças e dos adolescentes. Não apenas acompanhar o caminho deles na educação, mas também no seu desenvolvimento psicológico e como enfrentam a vida em geral com todas as suas necessidades especiais.
GUIDO: É tudo. Isso deveria ser útil. Não apenas para crianças com necessidades especiais.
LISA: Sim, neste momento, o que penso é que as escolas concentram-se apenas na parte académica e muito pouco naquilo que realmente, penso eu, é importante: o desenvolvimento humano.